Condições Climáticas no Brasil em Junho e Início de Julho de 2001
Sumário Executivo Nos meses de junho, julho e agosto, historicamente se esperam chuvas escassas nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, não contribuindo, portanto, para recuperação do volume dos rios São Francisco, Grande e Paranaíba, responsáveis pela geração de energia elétrica nessas regiões. Historicamente, a média mensal varia entre 10 e 20 mm nas áreas onde se encontram as Bacias dos Rios Paranaíba e Grande. Sobre a Bacia do Rio São Francisco os valores médios para o mês de julho, variam entre 1 e 15 mm. O mesmo ocorre nas Regiões Centro-Oeste, Sudeste e sul do Nordeste onde as chuvas são historicamente escassas nos meses de inverno. As únicas regiões chuvosas nesta época do ano são o litoral leste da Região Nordeste, o sul da Região Sul e o extremo norte do País.
As previsões para o trimestre julho-agosto-setembro do corrente ano indicam chuvas variando de normais a ligeiramente abaixo da média histórica para as Regiões Sul (confiabilidade média), Centro-Oeste (confiabilidade baixa), Sudeste (confiabilidade baixa) e para o setor leste do Nordeste (confiabilidade média a alta). Chuvas ligeiramente acima da média estão previstas no norte da Região Norte (confiabilidade média a alta). No restante do país a previsão é de normalidade no comportamento das chuvas.
1. Condições Climáticas no Brasil em Junho e Início de Julho de 2001 Durante o mês de junho, foram observadas poucas chuvas na maior parte do país. Este comportamento é normal nesta época do ano, onde as chuvas ocorrem geralmente no setor norte da Região Norte, leste da Região Nordeste e no sul do país. Os destaques mais importantes registrados no Brasil neste mês foram: chuvas intensas no extremo sul do Rio Grande do Sul e nos Estados de Alagoas e Pernambuco; precipitação de granizo na zona leste na cidade de São Paulo; entrada de uma massa de ar frio que causou declínio de temperatura em quase todas as Regiões do país; geadas nas Regiões Sul e sul do Mato Grosso do Sul e locais serranos da Região Sudeste. Nos dias 20, 21 e 26 houve precipitação de neve no planalto serrano de Santa Catarina. Oito sistemas frontais atuaram no país, sendo que a média para o mês é de sete. Na primeira quinzena do mês, estas frentes frias não ultrapassaram o litoral de São Paulo, e a partir do dia 15 de junho, os sistemas frontais deslocaram-se até o litoral da Região Nordeste. Nos primeiros dias do mês de julho, houve continuidade no que se refere à ausência de chuvas nas regiões Centro Oeste e Sudeste do país. Na faixa leste da Região Nordeste, ocorreram chuvas desde o Rio Grande do Norte estendendo-se até o sul da Bahia, sendo as mais significativas registradas em Sergipe. Nos Estados do Amazonas, Roraima, Acre e Amapá também ocorreram chuvas, com núcleos entre 100 e 250 mm em locais isolados. No Rio Grande do Sul, as chuvas registradas variaram de 25 a 75 mm. 2. Análises Regionais As análises regionais a seguir descrevem os padrões de precipitação e temperatura registrados durante junho e início de julho e destacam ocorrências de eventos meteorológicos relevantes. Região Norte: a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) contribuiu para produzir chuvas acima da média em quase todo o litoral do Amapá e noroeste do Pará. No setor norte de Roraima e oeste da Região Norte, as chuvas estiveram abaixo da média histórica. No restante da Região foi observado um padrão de normalidade. Nos dias 20 e 21, com a entrada de uma massa de ar frio, houve um declínio acentuado da temperatura, causando o fenômeno denominado friagem na Região. No sul do Amazonas, nos dias 19 e 20, a temperatura mínima chegou a 5ºC. Nas localidades de Lábrea e Eirunepe a temperatura registrada no dia 18 foi de 18,6ºC, e no dia 19 foi de 13,2ºC. A menor temperatura registrada foi de 19,9º C em Manaus no dia 21 deste mês. Em Rondônia, na localidade de Villena, no dia 17 a temperatura mínima registrada foi de 20,5ºC, declinando no dia seguinte para 9,0ºC. No Estado do Acre, houve um declínio da temperatura mínima de 2ºC. Nos primeiros dias de julho as chuvas mais significativas ocorreram de forma isolada e atingiram principalmente os setores norte e leste da Região. Região Nordeste: As chuvas mais significativas ocorreram nos Estados de Sergipe e Alagoas devido à atuação de sistemas chamados de ondas de leste (podem ser identificados pela nebulosidade que se propaga no Oceano Atlântico, atingindo o leste do Nordeste do Brasil). No norte do Maranhão, Piauí e Ceará, linhas de instabilidade contribuíram para que as chuvas registradas nesses setores ficassem acima da média histórica. Em grande parte da região, as chuvas estiveram normais. No litoral da Paraíba, Rio Grande do Norte, norte da Bahia e na Zona da Mata de Pernambuco, os valores estiveram de 50 a 100 mm abaixo da média histórica (climatológica). No dia 14, a atuação de um sistema de baixa pressão, causou um temporal provocando deslizamentos e queda de barreira na região metropolitana de Recife. A chuva acumulada no período de 24 horas foi superior a 50 mm. No início de julho, choveu apenas no litoral do Maranhão e na faixa leste da região. Região Sudeste: Ausência de chuvas em quase toda a Região foi observada durante o mês de junho. No sul do Estado de São Paulo e em alguns pontos isolados da Região, as chuvas ficaram próximas à média histórica. As frentes frias que atuaram na região foram de fraca intensidade causando apenas nebulosidade e chuviscos (chuva fraca). A incursão de massas de ar frio, provocou declínio acentuado de temperatura e geadas em locais serranos. Em Catanduva-SP a temperatura mínima registrada no dia 17 foi de 17.6ºC, declinando gradativamente nos dias subseqüentes, registrando no dia 21, a temperatura mínima de 5,3ºC. Em Bambuí-MG a menor temperatura foi registrada no dia 22, 6,1ºC. Ocorreram geadas em Presidente Prudente e Campos do Jordão, em São Paulo. Nos primeiros dias do mês de julho não ocorreram chuvas significativas. Região Centro-Oeste: Chuvas fracas foram observadas no interior da Região, organizadas pela passagem de frentes frias. No extremo sul do Mato Grosso do Sul e centro-oeste de Goiás as chuvas ficaram ligeiramente acima da média histórica. No restante da região a precipitação esteve ligeiramente abaixo da média. (desvio de -25 mm). Um declínio acentuado da temperatura foi observado com a entrada de uma massa de ar frio que afetou toda a Região. Na localidade de Cáceres-MS, a temperatura mínima registrada entre os dias 17 e 24 variou entre 8 e 13ºC. Em Corumbá-MS no dia 21 a temperatura mínima foi de 5,9ºC, e em Cuiabá-MT a menor temperatura registrada foi de 9.7ºC. Nos primeiros dias do mês de julho não ocorreram chuvas significativas. Região Sul: Em junho houve a atuação de frentes frias que afetaram o extremo sul do Rio Grande do Sul. Destaca-se a frente fria que atuou no primeiro dia do mês e causou ventos fortes e chuvas intensas na fronteira do Uruguai e sul do Rio Grande, do Sul no Brasil. Nas localidades de Santana do Livramento e Rio Grande no Rio Grande do Sul, o total de chuva acumulada em 24 horas foi de 191 mm, valor superior a média climatológica do mês de junho que é de 120 mm para estas localidades. Quatro massas de ar frio atuaram na Região e ocasionaram forte declínio de temperatura, geadas e dois episódios de precipitação de neve. O dia mais frio na Região Sul foi o dia 21, quando a maior parte das temperaturas mínimas registradas foram inferiores a 10ºC, chegando em algumas localidades registrarem temperaturas negativas, principalmente em cidades localizadas nas serras. No início de julho, choveu de 25 a 75 mm no Rio Grande do Sul. No restante da Região, as chuvas totalizaram entre 1 e 10 mm. 3. Situação do Pacífico e Atlântico Tropicais e Aspectos Globais A Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no Pacífico Equatorial esteve próxima da média histórica sobre toda a parte central. Os limites leste e oeste do Oceano Pacífico apresentaram comportamentos opostos: no Pacífico Oriental, junto à costa oeste da América do Sul, as águas á superfície estiveram ligeiramente frias (1,0 a 1,5ºC abaixo da média), enquanto que no Pacífico Ocidental, na região da Indonésia, elas estiveram ligeiramente quentes (0,5 a 1,0ºC acima da média). Esta configuração indica um padrão de neutralidade, ou seja, não há previsão de El Niño ou La Niña. Nos primeiros dias de julho foi observado o mesmo padrão. A análise da evolução temporal destes padrões de TSM no Oceano Pacífico Equatorial revela que as TSMs têm aumentado sobre o setor central, desde fevereiro deste ano. O Oceano Atlântico Tropical Sul, de maneira geral, esteve com TSMs acima da média, especialmente junto à costa da África, onde as temperaturas médias estiveram com até 2ºC acima da média. Essa situação contribui para a formação de distúrbios de leste, um dos sistemas responsáveis pela estação chuvosa do leste do Nordeste. O Atlântico Tropical Norte manteve TSMs aproximadamente dentro da normal histórica durante o mês de junho. Destaca-se o aquecimento de 2 a 3ºC nas imediações da Bacia do Prata, podendo contribuir para a intensificação dos sistemas frontais na região. Os modelos de previsão climática dos principais Centros Meteorológicos Mundiais apontam para uma condição de neutralidade das águas superficiais no Pacífico Equatorial, nos próximos três meses. As previsões de aquecimento são para o final do ano, o que não configura, necessariamente, um episódio El Niño.
3. Previsão Climática para Julho, Agosto e Setembro de 2001 (JAS/2001) REGIÃO NORTE Climatologia: No trimestre (JAS) os valores máximos de chuvas, que variam entre 500 e 600 mm, ocorrem no extremo noroeste da região. No setor sul, os valores médios variam entre 100 e 200 mm. Em Tocantins e no sudeste do Pará, os valores da média histórica variam entre 1 e 100 mm.
REGIÃO NORDESTE Climatologia: nos meses de julho, agosto e setembro, os maiores valores de precipitação, entre 200 e 500 mm ocorrem na faixa leste da Região, devido à atuação de distúrbios de leste e sistemas frontais que atuam nesta região. No interior da região, as chuvas diminuem gradativamente apresentando valores abaixo de 100 mm.
REGIÕES CENTRO-OESTE E SUDESTE Climatologia: Julho, agosto e setembro são os meses quando ocorrem os menores valores de chuvas, aumentando no mês de setembro, entre 50 e 100 mm, nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste. Os maiores valores de chuvas, acima de 200 mm, para este trimestre ocorrem no extremo sudeste dos Estados do Mato Grosso do Sul e São Paulo. No restante das regiões os valores variam de 1 a 100 mm. Inicia-se também uma maior ocorrência de entradas de massas de ar frio, que poderão provocar queda significativa de temperatura, principalmente nas regiões serranas.
REGIÃO SUL Climatologia: Nos setores norte e sul da Região os valores acumulados para o trimestre JAS, variam entre 200 a 300 mm. Valores superiores a 400 mm ocorrem no setor central da região. Durante este período, a incursão de massas de ar frio pode provocar queda significativa de temperatura e geada em quase toda a Região. No período da manhã é comum a ocorrência de nevoeiros.
SUMÁRIO As previsões para o trimestre de julho a setembro de 2001 estão resumidas na tabela abaixo:
ALERTA SOBRE O USO DAS PREVISÕES CLIMÁTICAS: informa-se que a previsão climática gerada pelo CPTEC tem caráter experimental. A previsão foi baseada nos modelos de Circulação Atmosférica do CPTEC/INPE, do Centro Norte-Americano (NCEP), Centro de Pesquisa Atmosféricos dos EUA (NCAR), Centro Europeu (ECMWF), Centro Alemão (MPI), disponibilizados pelo International Research Institute for Climate Prediction (IRI), e na persistência das características climáticas globais que vem ocorrendo. Essa informação é disponibilizada ao público em geral, porém, nenhuma garantia implícita ou explícita sobre sua acurácia, é dada pelo CPTEC, INPE ou pelo MCT. A responsabilidade pelo uso das informações contidas nesse boletim é do usuário. CPTEC/INPE
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